O jornalismo e os estudos de media perderam mais um dos seus melhores praticantes, estudiosos e observadores. O ICNOVA e os vários meios académicos onde deixou uma marca forte de inteligência e integridade, perderam também um grande amigo e camarada.
Fernando António Pinheiro Correia nasceu em Coimbra a 4 de julho de 1942, de pais antifascistas. Cresceu numa família politizada, com ligações ao PCP, cuja casa era abrigo frequente para exilados e fugidos às perseguições da ditadura. Licenciou-se em Filosofia na Universidade de Lisboa, onde foi dirigente da Pró-Associação da Faculdade de Letras.
Iniciou a carreira jornalística em 1966 no Diário de Popular, depois de ter sido aprovado no primeiro concurso de jornalistas organizado pela empresa então dirigida por Francisco Pinto Balsemão. Foi chefe de redação da revista Seara Nova entre 1970 e o 25 de Abril de 1974 e, após a revolução, redator jornalista e sub-chefe da redação do Avante! entre maio de 1974 e janeiro de 1986.
Escreveu inúmeros artigos e livros sobre os media e foi um dos primeiros em Portugal a dedicar-se á análise sistemática das ligações entre o poder económico e político. O seu livro Jornalismo, Grupos Económicos e Democracia, re-editado numa nova versão em 2006, é uma referência nos estudos de economia política dos media.
Foi um dos membros fundadores do CIMJ (Centro de Investigação Media e Jornalismo), um dos pais do atual ICNOVA (juntamente com o CECL, Centro de Estudos em Comunicação e Linguagem), onde desenvolveu um projeto pioneiro, apoiado pela FCT, Memórias Vivas do Jornalismo.
Trouxe para a universidade o rigor e a inteligência de um jornalista extremamente culto, que adorava escrever e mantinha com os mais novos uma relação fraterna, generosa e cúmplice.
A sua partida no dia 1 de março de 2024, na sequência de várias complicações de saúde, deixa um enorme vazio nos nossos corações.
(Texto de: Carla Baptista, investigadora do ICNOVA)