Numa altura em que sentimos as repercussões de um mundo em rápida transformação por diversos factores que têm ocorrido nos últimos tempos, é importante reconstruir e consolidar os setores mais afetados pelas crises económicas, financeiras, bem como pela pandemia e os mais recentes conflitos bélicos na Europa. Neste sentido, a sustentável da colaboração das empresas, filantropos, fundações, e outras instituições públicas ou privadas, torna-se essencial a áreas como, por exemplo, a cultura: um setor com elevado potencial, que pode emergir com o apoio e financiamento por parte de mecenas.
Embora os propósitos das empresas patrocinadoras e das fundações culturais nem sempre se conjuguem, esta colaboração é cada vez mais recorrente na sociedade atual. As necessidades comunicacionais das empresas, a inovação e a criatividade unem-se, dando origem a relações corporativas e culturais que favorecem ambos os setores. Assim, para além das iniciativas propostas pelo Governo, existem mais apoios à cultura, que beneficiam ambas as partes envolvidas, numa relação win-win.
O Mecenato Cultural como Instrumento de Comunicação: o caso Caixa Geral de Depósitos e a Culturgest, (Editora Almedina) – é este o novo livro de Cármen Zita Monereo, que aborda um dos exemplos mais evidentes da relação entre a gestão das empresas e cultura. Um caso de referência, pela notoriedade que ambas as instituições exercem por um lado no setor empresarial, e por outro lado, no contexto cultural e artístico português, e pela relação sólida que esta mantém com a sua criadora, ao longo de mais de três décadas.
Como refere Cármen Monereo, a obra trata “o papel do tecido empresarial na esfera da cultura e a sua relação com as Estratégias de Comunicação”. Resultado de uma investigação científica neste campo, que culminou numa tese de doutoramento concluída na Universidade Nova de Lisboa, a autora traz novo conhecimento à área da comunicação estratégica, explorando a evolução do conceito de mecenato e a sua intenção de comunicar – dentro da comunicação empresarial, “o mecenato é, certamente, um das mais importantes componentes que as empresas têm para comunicar com o público externo e interno, mas em simultâneo uma das menos estudadas”, explica a autora. Trata-se, portanto, de uma obra de grande interesse no campo de estudo, que sustenta uma abordagem teórica que cruza os campos: comunicação, marketing e gestão. Simultaneamente contribui para a evolução histórica do conceito de mecenato ao longo do tempo e entender a relação ambígua que sempre se estabeleceu entre altruísmo, poder e generosidade.
O livro de Cármen Zita Monereo conta com um prefácio de Mark Deputter, atual administrador da Fundação Caixa Geral de Depósitos – Culturgest, assim como testemunhos de diversas personalidades que, em diferentes marcos temporais, marcaram a vida da Culturgest, como Emílio Rui Vilar, António Pinto Ribeiro, Miguel Lobo Antunes.