Não esconde o amor que tem pelo jornalismo, área à qual se dedicou por mais de duas décadas. Ontem, 26 de maio, esteve no I Seminário Binacional de Saúde Global, realizado no Colégio Almada Negreiros, enquanto Diretora de Comunicação do Hospital da Luz e falou-nos sobre a influência da pandemia na comunicação em saúde.

Que mudanças trouxe a pandemia para a comunicação em saúde?
Foi um momento de viragem e ainda estamos a estudá-lo. Na perspetiva da comunicação, obrigou-nos a repensar canais de comunicação e a adotar outras linguagens. A mudança fundamental foi estarmos distantes uns dos outros, o que nos obrigou a ser mais digitais e a utilizar mais ferramentas online. Se recordarmos o período inicial da pandemia, percebemos que ficamos muito tempo em casa. E o que tínhamos em casa ligado à televisão e ao computador? Páginas de notícias. Portanto, houve muita informação online que foi consumida. Tivemos de nos adaptar rapidamente e essas ferramentas vieram para ficar, até porque já estão muito implantadas na nossa vida. Não declaro, ainda assim, o fim do papel. Nada disso! As pessoas continuam a gostar de ler coisas em papel, mas, na verdade, a maioria já se informa através de canais digitais. 

Quais os valores-notícia que justificam tanto interesse nos temas da pandemia?
Sendo um fenómeno à escala global, mudou radicalmente os nossos hábitos de vida. Tudo o que é estranho, extraordinário, novo, diferente e raro é notícia. Não é a normalidade que faz a notícia  – é exatamente o oposto. A pandemia teve todas as componentes de uma notícia: ser rara, urgente, desconhecida, nova, diferente e dramática. 

Criaram-se melhores jornalistas de saúde ou, pelo contrário, nasceram mais desafios e dificuldades para os jornalistas?
Entre jornalistas não há uma tradição de especialização, acredito que isso acontece mais por falta de condições do que propriamente por falta de vontade. Quando eu trabalhava na área do Jornalismo, tive oportunidade de me especializar na área da saúde, apesar de não fazer só esse tema. Acho que os jornalistas despertaram novamente para a importância dos temas da saúde e, por isso, tiveram acesso a melhor informação, o que só pode ser bom para a importância da temática da saúde nos nossos meios de comunicação social.