Ana Viseu, Professora Auxiliar, NOVA FCSH; Investigadora ICNOVA. Rita Sepúlveda, Investigadora ICNOVA.
Editora: Livros ICNOVA, Formato ebook

Sobre o tópico do livro
As infraestruturas digitais fazem parte dos alicerces invisíveis que sustentam o funcionamento das sociedades contemporâneas. Estas não se limitam a serem ferramentas tecnológicas, mas funcionam como sistemas tecnossociais que interagem com práticas quotidianas, reconfiguram relações de poder, consubstanciam tomadas de decisão, e transformam o mundo em fluxos de dados. De plataformas digitais a dispositivos conectados, de redes globais a algoritmos, de sensores a artefactos autónomos, as infraestruturas digitais não são apenas condutores de informação, mas também criam, moldam e governam aspetos essenciais da nossa vida social, política e económica.

Este livro visa explorar, de forma crítica e multidisciplinar, a constituição, funcionamento e impacto das infraestruturas digitais e da dataficação na sociedade, oferecendo uma visão
aprofundada das suas implicações em diversas áreas. A proposta central é investigar como as infraestruturas digitais e a dataficação operam como forças invisíveis de organização social, influenciando (in)diretamente a maneira como nos relacionamos, como nos percebemos e como somos percebidos por outros, incluindo agentes não-humanos. Por meio de uma análise crítica, procuramos entender como estas infraestruturas redefinem a ideia de poder, segurança, identidade, intimidade e desigualdade, ao mesmo tempo que alimentam sistemas de vigilância, controlo e
automação, muitas vezes de forma opaca e politizada. Procuramos também explorar, e dar visibilidade, a outras formas de pensar e viver com infraestruturas e dados digitais.

O objetivo deste livro é assim oferecer uma análise abrangente e crítica das infraestruturas digitais e da dataficação, problematizando as suas dimensões sociais, políticas e culturais. Num contexto onde as tecnologias digitais se interligam profundamente com a vida quotidiana, o livro visa examinar as práticas e efeitos da digitalização, da automação e da interconectividade que atravessam todos os aspetos da sociedade contemporânea. As questões centrais que orientam este livro estão descritas abaixo, podendo no entanto ir para além delas:

  • Como é que as infraestruturas digitais organizam e moldam as interações entre indivíduos e entre indivíduos e mundos?
  • Quais são as lógicas de produção de dados e os seus impactos em conceitos como subjetividade, identidade, agência e autonomia?
  • De que forma as infraestruturas digitais reproduzem desigualdades, ampliam a vigilância e o controlo, e o que isso implica para as noções de liberdade e privacidade?
  • Como os sistemas automatizados e algoritmos, muitas vezes desenhados com opacidade, afetam o exercício do poder e da governação política?
  • Que alternativas existem para a construção de infraestruturas digitais que sejammais inclusivas, democráticas e responsáveis?

A obra contará com contribuições originais e textos seminais contribuindo assim para um melhor entendimento das relações entre tecnologia e sociedade, e oferecerá uma reflexão crítica sobre como as infraestruturas digitais podem ser repensadas na procura de futuros mais justos e inclusivos.

Fazemos notar que esta obra pretende contribuir para a ciência em língua Portuguesa. Esta é uma decisão intencional e ancora-se na nossa vontade de colaborar na democratização da língua científica para que dissemine, inclua e solidifique outras formas de pensar, outras experiências e formas de produção de conhecimento. Todas as contribuições originais incluídas na obra final serão sujeitas a um processo de revisão de pares.

Destinatários:
Este livro destina-se a académicos/as, investigadores/as e profissionais de várias áreas, professores e alunos, incluindo, mas não se limitando a, estudos de comunicação, ciências
sociais, ciência política, estudos sociais da ciência e tecnologia, direito, tecnologia da informação, estudos de género, e estudos culturais. Também será de interesse para aqueles envolvidos na análise de políticas públicas, ativismo digital e movimentos sociais, e aqueles/as que procuram aprofundar o seu entendimento sobre as implicações sociais e
políticas das infraestruturas digitais. Tópicos de interesse incluem, mas não se limitam a:

  • Infraestruturas digitais e transformação social: O papel das plataformas, redes e dispositivos na (re)organização de interações sociais.
  • Dataficação, identidade e subjetividade: Como a conversão de experiências, situações e contextos em dados impacta a criação de novas entidades bem como novas formas de subjectividade, agência, identidade e o comportamento social.
  • Vigilância e controlo: A proliferação de sistemas de vigilância digitais e os seus impactos na privacidade e nas liberdades civis.
  • Algoritmos, opacidade e poder: A opacidade by design e a forma como os algoritmos influenciam a produção de conhecimento e as decisões políticas e sociais.
  • Desigualdade digital: Como as infraestruturas digitais podem reproduzir ou acentuar desigualdades sociais, económicas e culturais.
  • Tecnologias emergentes e alternativas democráticas: A exploração de formas alternativas de produção e gestão de dados, como infraestruturas bottom-up.
  • Implicações legais e éticas: O papel das infraestruturas digitais nas questões jurídicas, políticas e de governação.
  • Género, intimidade e tecnologia: Como questões de género e intimidade são moldadas por sistemas tecnológicos e plataformas digitais. Processo de submissão

As propostas de capítulos devem ser enviadas em formato de resumo de até 500 palavras, acompanhado de uma breve biografia do/a/s autor/a/es (até 150 palavras), para infrastructuresbook@fcsh.unl.pt. As propostas devem ser enviadas em português.

Os resumos devem destacar claramente a contribuição teórica e empírica do capítulo proposto para os temas abordados no livro. As submissões serão avaliadas pelas
coordenadoras da obra com base na relevância, originalidade, rigor académico e clareza. Os/As autores/as selecionados/as serão convidados a submeter os capítulos completos, com um limite de 7.000 a 8.000 palavras, incluindo abstract e referências, sendo depois estas contribuições sujeitas a um processo de revisão por pares. Os/As autores/as têm que verificar que cumprem todos os requisitos dos Livros ICNOVA nas suas submissões. Pode consultar aqui: https://livros.fcsh.unl.pt/icnova/about/submissions#authorGuidelines

Datas importantes:

  • Envio do resumo (abstract): 21 março 2025
  • Notificação de aceitação dos resumos: 10 abril 2025
  • Envio dos capítulos completos: 30 junho 2025
  • Envio resultado revisão peer review: 30 setembro 2025
  • Envio da versão final dos capítulos (após peer review): 30 outubro 2025
  • Data prevista publicação: dezembro 2025
  • Esperamos receber contribuições de autores e investigadores que partilham o nosso interesse em entender o impacto das infraestruturas digitais e da dataficação no mundo contemporâneo. Estamos ansiosos pelas vossas propostas e para a construção conjunta de uma obra significativa e de alto impacto.

Para mais informações, entre em contacto com as coordenadoras do manuscrito através do infrastructuresbook@fcsh.unl.pt.

Ana Viseu e Rita Sepúlveda